
Relato de Parto - Parto Hospitalar - Hospital Unimed Ribeirão Preto - Parto Joaquim por Nicolle
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Eu não sei direito como começar a escrever esse relato (até porque eu nunca tinha parido até então 😄), mas julguei importante fazê-lo.
Primeiro pra registrar minha memória do que foi o nascimento do Joaquim, apesar de em muitos momentos tudo o que eu tenho ser uma névoa do que estava acontecendo (alô, partolândia!).
Segundo porque eu quero dizer para seja lá quem precisar ouvir: se você quer um parto normal, saiba que é possível, seu corpo é capaz!
Enfim, vamos lá.
Já há umas 2 semanas que eu sentia os pródromos (contrações "falsas" ou de treinamento), mas como a Dra Thais explicou, são contrações reativas, o corpo reagindo a uma atividade mais intensa, uma caminhada, um peso mais pesado que levantou, etc. Mas no sábado dia 1º, com 39 semanas e 2 dias, aniversário da minha cunhada, eu comecei a sentir essas contrações mais fortes, porém sem ritmo nenhum. Foi um dia atípico, piscina, muito movimento dentro da água, julguei ser reação da movimentação. Chegando em casa, notei uma mancha no biquíni. Já acionei o grupo da nossa equipe e mandei foto: gente, seria isso um tampão? A equipe (Thais, Cassandra, Rosângela e Satie de prontidão, porque a Thais estava em um plantão) julgou que poderia ser sim, mas saindo aos poucos, porque não tinha a consistência que muito bem definida pela Dra Thais seria de "slime". A ordem era descansar, Joaquim mexia bem dentro da barriga, o que indicava que estava tudo bem.
No dia seguinte a festa continuou. Liberada pra continuar a nadar e a aproveitar o dia, voltamos pra área. O dia passou, alguns pródromos, descansava quando eles vinham, passava e a vida seguia. Chegou a noite e percebi que eles intensificaram. Ainda quis dirigir pra buscar um lanchinho, voltamos pra área, comi rapidinho porque estava doendo mais e queria descansar.
Chegando em casa, tomei banho por volta das 20h e enquanto me secava abaixei pra pegar alguma coisa. Fui até a cozinha, no que voltei e passei pelo corredor, olhei (sem óculos) pro chão do banheiro. Fiquei irritada. Uma barata. Af, ainda bem que ela parece morta. Antes de acionar meu dedetizador @advoguto, cheguei mais perto pra conferir se era barata mesmo. Acontece que a barata era uma meleca, ou melhor: um slime. Agora não tinha dúvidas. Era mesmo o tampão.





Informei a equipe, Joaquim mexia bem. Combinamos com a Cassandra dela e a Rosângela virem no dia seguinte às 10h pra me avaliar. Dia de Oscar. Não queria dormir cedo, eu precisava ver se Ainda Estou Aqui ganharia os Oscars em que tinha sido indicado. Mas eu quase não consegui prestar atenção. Vinha uma onda de dor, parava. Minutos sem sentir nada. Será que passou? E aí outra onda. Quando anunciou o Oscar de melhor filme em língua estrangeira eu não sabia se gritava de alegria pela vitória ou pela dor que vinha. Ainda precisava ver se Fernanda Torres ganharia a estatueta de melhor atriz e se a chance remota do filme levar o principal prêmio da noite se concretizaria. Duas grandes decepções. Mas naquele ponto eu nem ligava tanto. Quando a premiação acabou eu já tava num nível de dor que nunca tinha experimentado antes. Mas não tinha indicativo de trabalho de parto, não tinha ritmo nas contrações. A madrugada ia ser tensa. Eu de verdade não sei como passei essa noite. As ondas vinham, e eu buscava a melhor posição pra aliviar. Tentei 40 minutos de chuveiro com água quente, e nada de aliviar. Num dado momento, eu perdi controle dos meus músculos pélvicos, fazia xixi que nem sabia que tava fazendo. Rolou vômito de tanta dor. E não tem romantização aqui, gente. Dói mesmo. É fisiológico, tem secreções, cheiros e faz parte porque é o corpo humano. A grande questão até aqui é que até agora não tinha um padrão entre as contrações, o que pra mim significava que era falso trabalho de parto e eu poderia passar dias assim. Foi nessa hora que virei pro Augusto e falei: eu quero cesárea. Mentira, eu não queria, só que naquele ponto eu não tinha perspectiva daquilo acabar em menos de um dia, e sabia que seria exaustivo continuar assim sem ser real TP. A manhã chegou, Augusto tinha conversado com as enfermeiras, elas viriam mais cedo aqui em casa, mas eu já tava em outro plano. Eu tinha passado mais de 8h nesse vai e vem das dores, sem descansar a noite. E aqui vai uma dica se você quer muito um parto normal, sempre que der: descanse. Você não sabe se aquela vai ser sua última soneca antes da montanha russa que é o parto.
Voltando, por volta das 8h, no que fui avaliada pela Rô, estava com 5 cm. O que até então pra mim não era TP, começou a ter uma expectativa maior: ele podia nascer em algumas horas e não em dias. A vontade de pedir cesárea passou, porque agora eu tinha minha motivação de novo. O parto seria em Ribeirão e então Augusto terminou de organizar algumas coisas, entramos no carro e pegamos estrada, Cassandra no banco de trás comigo, e aqui te peço perdão e agradeço porque na minha cabeça eu tava quase quebrando sua mão!
Gente, eu só queria gritar, gritar, gritar. Doía demais e doía há muitas horas. Cheguei e fui direto pra água quente, mas pra mim não estava ajudando muito. No chuveiro, teve picolé pra dar açúcar e energia, água de coco pra hidratar, e eu me alimentei todo o TP (Thais descolou até um doce de leite com paçoca pra mim 💜), mas o que eu queria mesmo era dormir! A gente tinha conversado já que se eu pedisse analgesia era porque eu realmente precisava, não era pela dor, eu estava no auge do que eu conheci de exaustão até então. E ela veio. Santa d.r0.g.4! Não tira com a mão, como se diz, mas aquilo me deu um alívio pra poder descansar por 1 horinha.
Aqui começa o borrão na minha memória. A sequência cronológica de eventos depois disso é um pouco turva pra mim, e vou me basear nas fotos do parto pra relatar.











Nos momentos analgesiada, as dores não paravam, mas conseguia cochilar, comer, conversar, escovar dente, dar risada e ajudou muito com que o parto fosse mais leve. Num dado momento, rolou até uma tentativa de dançar bolero, mas não antes de ofender minha obstetra falando que ela não tinha elegância pra dançar. Thais, espero que você me perdoe e entenda que eu não quis dizer aquilo 🩵 😅
Voltando ao que interessa, depois que a analgesia passava, era muito exercício na bola, massagem, caminhada, spinning babies, e os exercícios que a Duda me ensinou pra fazer na fase ativa do TP.
Eu realmente perdi a noção de tempo lá, também não fiquei perguntando o horário, de certa forma foi positivo (na minha experiência) o quarto de parto não ter janelas, acho que teria me dado um certo desespero ter chegado de manhã e ver o tempo passando lá fora de uma certa forma sem "evoluir" nada (visualmente). Até que chega o primeiro momento que senti vontade de empurrar, fui pra banqueta, fiz tudo aquilo que fui treinada pra fazer durante a gravidez e o que sentia que meu corpo precisava fazer, deixei meu instinto me guiar. E nada de Joaquim descer. Thais pediu pra me avaliar de novo, acho que recebi outra dose de analgesia aqui, ao todo foram três. Depois da avaliação, ela me disse que Joaquim estava com as costas virado para as minhas costas, o ideal seria que as costas dele estivessem viradas pra minha barriga. E vamos de mais exercícios, dessa vez a Rô com ajuda de um lençol me ajudou a fazer com que ele girasse. Eu sentia muita dor, cada vez uma mais perto da outra, sem tempo pra descanso. Analgesiada de novo, A Dra Thais me perguntou se podia romper a bolsa, concordei e o quando me dei conta estava sentindo vontade de empurrar novamente. Era hora.
De novo, não tenho ideia de quanto tempo durou o expulsivo, fui pra banqueta novamente, primeiro de costas pra Thais, me apoiando no Augusto sentado numa cadeira, depois virei de frente pra ela, porque aquela posição não estava me ajudando, quando a Thais percebeu que o Joaquim estava perto a Cassandra assumiu o lugar do Augusto e ele foi pra frente da banqueta esperar pra segurar nosso filho pela primeira vez.









Continuei empurrando, tinha pedido pra sentir a cabeça dele quando estivesse coroando, e aquilo me deu mais gás pra continuar!! Veio o círculo de fogo, e como queima, mas já estava no fim. E assim, agarrei toda força que tinha, toda motivação e determinação do tanto que eu queria aquele parto e fiz os últimos puxos. Nem eu acreditava. Eu tinha conseguido. Augusto segurou Joaquim e o colocou no meu colo.
Fui pra cama. A equipe deixou nós 3 ali, nossa família pela primeira vez junto, durante a Hora Dourada. Só sabíamos admirar. Disse ao Joaquim o quão amado ele era, o quão desejado e abençoado ele era. Esse momento só existe na nossa memória.
Nessa primeira hora, Joaquim já nos presenteou com um pouco de xixi e cocô, no colo da mãe mesmo, e logo já tentou mamar. O menino chegou arrasando pra felicidade da pediatra e dos pais. Terminada a primeira hora, Augusto cortou o cordão, a placenta saiu, e fomos avaliados pra poder subirmos pro quarto. Ele nasceu às 20h33 com 49 cm e pouco mais de 3,200 kg (até agora não entendi como que ele cabia dentro de mim). Mãe e bebê bem, e assim fomos liberados pro quarto.
Não foi fácil, se for contar da hora que começaram as contrações que achei que não era TP, foram mais de 20 horas. Mas a cada onda de dor o que eu pensava era:
✨ é uma a menos pra ele chegar ✨
O tempo todo era o que estava na minha cabeça. Uma a menos. E claro que contar com mulheres tão incríveis e o Augusto me apoiando foi essencial pra conseguir. O parto normal é possível se a gestante acredita no que quer e se a equipe está conectada com esse desejo. Obrigada, gente!
Antes de encerrar, um agradecimento especial a Dra Renata que nos acompanhou nas ultras dos últimos meses, ter esse cuidado no acompanhamento, em meio a um diagnóstico que nos tirou o sono a princípio, nos acalmou, pois sabíamos que Joaquim estava sendo observado de perto e bem cuidado.
















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