Relato de Parto - Parto Domiciliar Planejado - Nascimento Amaia por Cinthia- Ribeirão Preto - SP
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Relato de parto domiciliar planejado em Ribeirão Preto - SP - Por Cinthia sobre o nascimento da Amaia
"Minha avó materna pariu 9 filhos em casa, com parteira chegando a cavalo, no meio do nada. Apesar de termos tido uma ligação muito forte, eu nunca tive uma conversa com ela sobre como foram esses partos. Quando comecei a me interessar e estudar o assunto ela já não estava mais comigo, mas sempre pensei nela quando vinha a dúvida se eu conseguiria ter um parto natural ou não...”minha avó teve nove, será que não vou conseguir ter um?”. Aí veio a minha primeira filha, Elis, de parto domiciliar não planejado, porque, quase sem sentir dor, cheguei à dilatação total sem perceber e não deu tempo de ir para o hospital, ela nasceu em casa, amparada, por sorte, pela Bruna e pela Mari.
Foi tudo tão maravilhoso, que quando descobrimos a gestação da Amaia, decidimos de cara: vai ser domiciliar, mas planejado desta vez. Na gestação da Elis eu fui mais disciplinada, já fazia pilates há anos, fiz exercícios diariamente, tudo como manda o figurino. Na gestação da Amaia já não tinha a mesma rotina (óbvio!), já não fazia exercícios regularmente e comecei o pilates e a fisioterapia pélvica já com 20 e poucas semanas. Me preocupava um pouco essa minha falta de disciplina, pois eu não sabia se os exercícios tinham sido os responsáveis pelo meu primeiro parto ter sido a jato ou se era coisa minha mesmo.
Acordei umas 07:15h e fui para a fisioterapia pélvica, eu já estava com 39 semanas e 3 dias de gestação. Cheguei em casa às 9h e ainda não sentia nada. Umas 9 e pouco o Bruno me chamou pra gente fazer a programação da comida do final de semana e comecei a sentir umas cólicas bem fracas no meio das contrações, parecidas com as que senti no dia do parto da Elis. Comentei com o Bruno e no meio de uma delas senti vontade de ir ao banheiro, já me deu um frio na barriga. Deixamos a programação da comida pra lá e o Bruno insistiu para que eu mandasse mensagem para a Bruna para avisar.
Era 09:50h quando mandei a mensagem e, já conhecendo o histórico pelo parto da Elis, a Bruna achou melhor fazer uma avaliação. Baixei o aplicativo para contar as contrações e a Mari chegou em poucos minutos. Ela fez uma dinâmica checando a frequência cardíaca da Amaia e contando as contrações. Coraçãozinho ótimo e uma contração em 10 min. Sugeriu fazermos um toque para vermos como estava o colo uterino... 4 cm e colo mole, gelei! Ela disse que tudo indicava que a Amaia chegaria logo, mas que já atendeu gestante que a dilatação parou de evoluir e o bebê nasceu só na semana seguinte, então tentei não criar tantas expectativas, até porque eu não sentia dor, eram só cólicas como de menstruação. A Mari foi embora e disse para eu continuar contando as contrações e avisar se tivesse qualquer alteração. Avisei a Jana e a Karol para ficarem espertas.
Continuamos a nossa rotina em casa normalmente, a Elis ficou numa animação doida, corria de um lado para o outro gritando super eufórica. Preparamos muito ela para esse dia, vimos o vídeo e lemos o relato do parto dela várias vezes em meses, contamos cada detalhe, apresentamos as meninas antes e ultimamente vínhamos conversando muito sobre este dia para que ela não ficasse assustada e curtisse a chegada da irmã.
A Mari me escrevia de hora em hora para perguntar se eu tinha sentido alguma alteração nas contrações, mas ainda estavam irregulares, de 10 em 10 min, às vezes 15 min.
Tiramos a nossa última foto da barriga no espelho, almoçamos e a Mari mandou mensagem avisando que viria com a Bruna às 13:40h para deixar as coisas e evitar correria na hora. Das 13h às 13:30h as contrações ficaram menos espaçadas, de 3 em 3 minutos, mas ainda não estavam doloridas. Avisei a Mari e em seguida elas chegaram. A Bruna repetiu o toque e eu já estava com 7 cm de dilatação. Avisei a Jana e a Karol. As meninas encheram a banheira, montaram todo o aparato e a Karol chegou. A Elis ficou toda empolgada com a presença delas em casa.
Era umas 14:30h e as contrações deram uma boa espaçada, as meninas acharam melhor saírem para a gente relaxar, pois a presença delas poderia estar inibindo um pouco as contrações. Achei uma boa ideia, até porque já tinha passado da hora da soneca da Elis e eu estava preocupada de ela ficar irritada na hora do parto por estar cansada, mas ela não queria que as meninas fossem embora, estava muito feliz com elas em casa. Quando elas saíram ela disse “estava tão legal com a Bruna, a Mari e a Karol aqui, né?”. Falei que elas iam voltar logo e o Bruno conseguiu levá-la para o quarto.
Fiquei um tempo sozinha, senti as contrações vindo, mas totalmente suportáveis. Avisei as meninas que a Elis já tinha dormido e a Jana e a Karol subiram. O Bruno saiu do quarto e ficamos os quatro batendo papo e dando risada. A Jana me fez uma massagem nos pés, a Elis acordou, a Bruna e a Mari voltaram com um saco de pães de queijo, comemos e as contrações tinham sumido.
As meninas sugeriram de descermos no condomínio para fazer uns exercícios e ver se as contrações voltavam, a Jana e a Karol desceram com a gente. Caminhamos, fui com a Elis no pé de amora, o Bruno, a Elis e eu brincamos de roda, fiz agachamentos com a Jana e demos uns pulos. Eu me sentia tão bem que topei quando a Jana me perguntou o que eu achava de subirmos os 6 andares pelas escadas.
De volta ao apartamento e nada das contrações. A Elis me pediu um tetê e as meninas disseram que era uma boa ideia, já que a amamentação ajuda na liberação de ocitocina. Depois a Mari quis repetir a dinâmica e checar a frequência cardíaca da Amaia. Coraçãozinho bonitinho e três contrações em 10 minutos, mas duas delas foram porque a Amaia se mexeu. A Mari terminou a dinâmica era 17:39h e sugeriu de elas descerem de novo para ficarmos sozinhos e ver se as contrações engrenavam. Quando a Bruna estava fechando a porta eu senti uma contração diferente, um pouco mais dolorida e já chamei elas de volta “peraí, peraí, peraí”. A Bruna achou melhor fazer um toque antes de descer para ver como estava a dilatação. Fomos para o quarto e eu estava com 8 cm e colo super mole, ela falou pra ficarmos no quarto descansando e foram para a sala. Quando ela saiu do quarto veio uma contração muuuuuuito forte e muuuuito longa, eu deitada na cama, o Bruno em pé ao meu lado com a Elis no colo e eu apertando o braço dele com toda a força, ele quis chamar a Bruna e a Mari e eu falei pra esperar passar, quando passou veio outra em seguida, falei pra chamar as meninas. Elas voltaram e já me perguntaram se eu queria sentar na banqueta, mas eu ainda não queria ficar na banqueta, porque no parto da Elis fiquei 40 minutos sentada na banqueta e meu corpo ficou exausto de ficar na mesma posição por muito tempo (eu achando que ia demorar muito tempo!).
Levantei da cama morrendo de calor, tirei o vestido e coloquei um top, fui para a sala e quis sentar na bola, mas não consegui, já senti um volume embaixo. Fui para a banqueta e a Bruna olhou e disse “tá nascendo!!”. Eu pensei “não é possível!!”. A Mari estava na sacada e entrou correndo com os tapetinhos da Suri para forrar o chão, Bruna e Mari colocando luvas na correria, a Bruna me falou para colocar a mão e quando coloquei e senti a cabeça da Amaia já quase fora eu não conseguia acreditar! Boquiaberta, arregalei os olhos de espanto, e foi só risada! Os 6 andares surtiram efeito!! A Elis com o Bruno do outro lado da sala e eu só ouvia ela falar “quer ir lá, quer ir lá, quer ir lá”. Chamei eles para virem perto de mim. A Suri no meio da cena. Veio uma contração e a bolsa rompeu. A Bruna perguntou se o Bruno queria pegar a Amaia e ele já disse que não, porque a Elis escorregou igual um quiabo quando nasceu. Em seguida outra contração e a Amaia escorregou de uma vez, como a Elis, às 17:49h. A Bruna colocou ela no meu colo e eu mal podia acreditar no que tinha acabado de acontecer, exatos 3 minutos depois de eu me levantar da cama! Um misto de emoção, euforia e surpresa tomou conta de mim. A Elis do meu lado, assistiu tudo super curiosa e atenta. Amaia nasceu já chorando, miudinha e bem coradinha, apgar 10/10. Fiquei ali maravilhada por uns minutos curtindo aquele momento surreal junto com o Bruno, a Elis e as meninas. Que energia boa! Que sensação maravilhosa ter vivido isso!
A placenta já começou a nascer logo em seguida e a Bruna achou melhor irmos para a cama, fui levando a Amaia nos braços, o Bruno e a Elis vieram junto. O Bruno cortou o cordão quando parou de pulsar. A Elis estava maravilhada! Queria ver tudo! Acompanhou de pertinho o nascimento da placenta toda interessada e depois ficou namorando cada parte do corpo da Amaia ainda peladinha no meu colo... ”olha o joelhinho dela, olha a mãozinha dela, olha a cabecinha dela”, ela dizia. Amaia mamou seu primeiro tetê enquanto a Bruna me avaliava. Tive uma laceração bem superficial, nem precisei de pontos desta vez, talvez porque tive mais consciência corporal e não fiz força, deixei meu corpo agir sozinho.
Tivemos a nossa hora dourada enquanto as meninas limpavam a casa. Ligamos para os avós, que até então nem imaginavam o que estava acontecendo. A Célia já abriu um sorriso assim que atendeu o telefone e minha mãe, ao mesmo tempo que sorriu, soltou um palavrão porque eu não avisei nada antes.
A Jana fez o carimbo da placenta, a Bruna me trouxe um pão com ovo mexido e eu comi ao mesmo tempo que a Mari fazia todas as avaliações na Amaia, que pesou 2,820 Kg e mediu 48 cm. O Bruno colocou a roupinha na Amaia e a Elis ficou super entretida na sala com a Jana pintando e fazendo um desenho para a Amaia, do quarto eu conseguia ouvir ela conversando empolgada. Depois a Bruna me ajudou a tomar banho, coloquei minha camisola mais confortável e voltei para a minha cama com a Amaia e a Elis. Amaia voltou para o tetê, Elis quis o outro e ali ficamos, rodeadas por uma energia que não consigo explicar, uma sensação de paz, tranquilidade e amor. Não tenho palavras para agradecer a Mari, a Bruna, a Jana e a Karol, que formaram um time maravilhoso de acolhimento e positividade. O carinho que trataram a nossa família foi essencial para que essa sensação de preenchimento total tomasse conta de mim. Neste dia, por várias vezes, me lembrei da minha avó, não sei se os partos dela foram difíceis ou foram parecidos aos meus, mas enxerguei um pouco dela em mim em muitos momentos, e isso me fez sentir um quentinho no coração.
As meninas foram embora e nós ficamos ali, apaixonados pelo nosso novo pedacinho que chegou tranquila e rodeada de sorrisos para trazer ainda mais felicidade para a nossa família!
Enfermeiras obstetras puro amor: Mariana Peppe e Bruna Fregonesi Infante
Doula puro acolhimento: Jana de Ross
Fotógrafa dos registros mais maravilhosos e pura positividade: Karol Saadi"