Relato de Parto - Parto Normal Hospitalar - Ribeirão Preto - Hospital Viver - Nascimento José por Luanna
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Relato de Parto
19/01/2022, quarta-feira, 5:00 AM: começamos a nascer com o Sol.
Neste dia, acordei com uma sensação diferente: uma espécie de cólica em região de baixo ventre (bem leve, mas que era constante e tirou meu sono). Era meu pródromo se iniciando, contudo, eu não sabia, pois já estava vivendo, há algumas semanas, noites mal dormidas devido à famigerada “reta final”. Estávamos completando exatas 38 semanas de gestação e imaginava que o José decidiria vir após as 39 ou 40 semanas.
Levantei da cama, tomei um banho quente e fui na janela ver o Sol nascer. O céu estava tão colorido que logo pensei que seria um dia lindo, mas só mais um dia “comum” por aqui. Havia marcado alguns compromissos, minha mãe viria de São Carlos (cidade dela) para Ribeirão Preto (minha cidade) me visitar. Curiosamente, os pais do Germano também estavam vindo para Ribeirão passar alguns dias.
O tempo foi passando e eu tentando me distrair: fiz meu café da manhã, comecei a organizar a casa e a procurar “tarefas” para fazer. Enquanto isso, tal cólica ficava mais intensa e depois diminuía, sentia minha barriga mais pesada também… Decidi, então, acordar o Germano com as seguintes palavras: “Acho que posso estar entrando em trabalho de parto hoje”. Ele pulou da cama, dando risadas e comemorando: “ É hoje que vou conhecer meu filho!”. Mas parte de mim não aceitava que isso de fato era o que era. Esperei tanto por esse momento que não acreditava que finalmente ele tinha chego! Tampouco me sentia preparada para dar à luz, mesmo tendo me preparado para isso a gestação inteira… Afinal, nós nunca achamos que estamos prontas, não é mesmo?
Pensei: “Se hoje é o dia que vou parir, quero estar bem bonita” (risos). Então fui tomar outro banho, hidratar o cabelo, fazer skincare e afins… Tudo calmamente.
Às 11:00 era a consulta com minha Doula, nós chegamos lá para a surpresa da @dradaniellaleiros dizendo: “Acho que é hoje!”.
Explicamos o que estava acontecendo, porém não havia uma certeza ainda... Os
pródromos são imprevisíveis! Deitei na maca para a sessão de acupuntura e comecei a ter contrações ritmadas (às
12:30)! A barriga contraía nitidamente e eu sentia uma leve dor em baixo ventre, depois passava... Cronometramos e vimos
que eram contrações efetivas, com intervalo de uns 3 minutos entre elas. Após a acupuntura e qnquanto tomava o chazinho que a Dani fez para mim, ela
acionava toda a equipe. Pediu que a mantivéssemos atualizada sobre as contrações e que ela iria para minha casa
quando eu quisesse.
No caminho de volta para casa, ainda passamos no mercado e na farmácia para comprar algumas coisas que precisávamos… notei então que algo já havia mudado: a dor em baixo ventre começou a migrar para a lombar. E pouco tempo depois de chegarmos em casa, minha mãe chega! O combinado inicial entre eu e o Germano em relação ao parto era de só avisar os familiares após um bom tempo do início, perto realmente do momento de ir para o hospital, para evitar a ansiedade de todos. Mas enquanto eu estava na acupuntura descobrindo que era trabalho de parto, minha mãe estava na estrada, então contei para ela pessoalmente. Abri a porta e disse: “Estou em trabalho de parto”, ela ficou em choque! Disse que não estava preparada, que eu deveria ter contado antes e já começou a ligar para o meu pai, que também ficou surpreso. Assim como nós, todos achavam que o José viria nas próximas duas semanas!
As contrações começaram a ficar mais fortes e próximas, duravam de 40 segundos a 1 minuto e tinha cerca de 5 contrações em 10-12 minutos.
14:30 a Dani chega em casa, auscultamos o BCF (batimento cardíaco fetal) e iniciamos com aromaterapia. O Germano, também, começou seu papel de massagista, pressionando minha lombar durante as contrações, que foi de grande ajuda do início ao fim. Logo em seguida, a @karolinesaadifotografia chegou para registrar esse nosso tão sonhado dia! Mas pouco tempo depois já estávamos todos saindo de casa para ir no consultório de minha obstetra @dra_anacarolinasalles . Pois minhas contrações estavam cada vez mais intensas, eu já não conseguia mais me comunicar durante algumas dessas contrações e mesmo sabendo que estava tudo bem com o bebê pela ausculta, eu não fazia ideia de quantos centímetros estava dilatada e qual seria o momento ideal para ir ao hospital.
A doutora me examinou e eu estava com 4cm de dilatação, o colo estava fino, jásendo trabalhado para o parto evoluir.
Eram umas 16:00 mais ou menos e combinamos de ir para o hospital entre
18:30 - 19:00, para que eu tivesse um tempo no conforto de casa e em família até dilatar um pouco mais... também decidimos que a Dani e a Karol voltariam para casa umas 17:30, justamente para termos esse momento as sós.
Em casa, tentei me alimentar, mas nada “descia” por conta da dor. Além de contrações mais intensas e as sentindo principalmente na lombar, eu tinha náuseas, não conseguia ver e nem sentir o cheio de comida. Estava apenas com o café da manhã e alguns chás com mel que a Dani fez, tentei investir nos líquidos: suco e água de coco. E minha mãe super preocupada tinha ido à padaria e voltado com várias sacolas: pão de queijo, docinhos, bolo, pães, frios, frutas… Não comi nada, fiquei sentada tentando me distrair e descansar um pouco… Até BBB eu tentei assistir no paperview (risos), mas 5 minutos e algumas contrações depois eu desliguei a TV estressada falando que queria silêncio. O sono também estava querendo chegar, mas eu precisava me manter energizada pois sabia que o José nasceria tarde da noite.
Às 17:30 Dani e Karol chegam novamente em casa, eu estava no chuveiro para tentar aliviar a dor das contrações com água quente e o Germano ao meu lado me ajudando. Imaginava que na próxima hora já estaria a caminho do hospital, contudo o desenrolar de nossa espera em casa foi tão tranquilo que não vi o tempo passar… Além do chuveiro de água quente, fizemos acupuntura, caminhadas e exercícios ao redor de meu sofá, usamos a bola de pilates, aromaterapia, massagem, respiração consciente, chás… e foi por essas ferramentas e pelo apoio de todos que estavam comigo que digo que, mesmo com as dores aumentando cada vez mais, me sentia confortável e em paz.
De olhos fechados focada no silêncio e nas ondas das contrações, segundos após dando gargalhada com alguma piada ou fala de minha mãe e do Germano… seguimos assim até às 20:00, que foi quando decidimos ir ao hospital.
Noite chuvosa, sentia que tudo estava sendo limpo e levado pelas águas para o José nascer, um presente de Deus para nós. Mas, acima de tudo, quem estava indo embora com a chuva e a cada contração dolorosa era a antiga Luanna. O parto transforma. E foi nessa noite que me vi mulher, que vivi verdadeiramente minha potência e minha força, que passei a acreditar em mim e enxerguei que sou capaz. Foi nessa noite que me desapeguei de sombras que me acompanhavam por tanto tempo. Renasci com o José e a vida começou a ter outro sentido, a fazer sentido na verdade.
Mas até então, muito aconteceu…
Nós (eu e Germano) estávamos no carro indo ao hospital, o trajeto que rotineiramente dura 5 minutos nunca pareceu tão longo. Ele precisou parar o carro umas 3 vezes por conta das minhas contrações. Chegamos e minha querida obstetra @dra_anacarolinasalles logo foi ao quarto me examinar: já estava com 7 cm de dilatação e tudo ótimo com o José!
Passamos a investir em algumas posições indicadas pela Dani @dradaniellaleiros , e seguimos com aromaterapia, ambiente escuro e choques na lombar para aliviar a dor.
Estava (ansiosa) aguardando a banheira do quarto encher, ela foi um dos motivos de eu ter escolhido esse hospital para ter meu bebê. Todas as playlists que fiz nas semanas passadas para tocar durante o trabalho de parto e para a Golden Hour serviram para absolutamente nada! Eu só desejava o Silêncio.
Passava pelas contrações respirando, quieta, olhando para dentro, percebendo meu corpo e buscando liberar o controle para sentir a dor. Parece esquisito dizer que me entregava à dor, mas de fato isso ajudou muito durante as contrações. Parir é um processo intenso no qual precisamos nos deixar levar por todas as fases, não adianta querer pular, não adianta tentar não sentir.
Fazia 1 hora que estava no hospital e decidi ir ao banheiro, para minha surpresa havia perdido o tampão (finalmente, pensei!). Eu e o Germano comemorávamos cada acontecimento do trabalho de parto (risos). A banheira já estava pronta e chegou nossa hora de entrar: mais um “finalmente” que pensei!
Entramos, enfim, na banheira às 21:30 e com uns 8 cm de dilatação. A água quente realmente ajudou bastante com as dores, mas contrações já estavam durando mais de 1 minuto e o intervalo entre elas era mínimo. Pouco tempo depois de ter entrado e após uma contração muito forte minha bolsa estourou! Comemoramos (obviamente) mas logo fiquei apreensiva, pois sabia que as contrações ficariam ainda mais intensas e não conseguia imaginar como a dor que estava sentindo poderia ser maior ainda.
Fiquei cerca de 1 hora na banheira até que pedi analgesia. Foi o momento mais desafiador de todo o trabalho de parto, dilatar dos 8 aos 10cm. Me sentia cansada, achava que não aguentaria mais tanta dor e estava com muito medo do expulsivo: de não dar conta de fazer a força, medo da sensação que eu desconhecia. Sentia uma pressão intensa no períneo, não encontrava uma posição confortável e foi então que minha mente começou a ir longe… Pensava: “Por que escolhi parto vaginal ao invés de cesárea? Eu quero desistir mas agora é tarde demais… Eu não vou dar conta… Eu nunca mais vou ter filho.”
Mas eu sabia que esse momento chegaria, nos últimos cm a dilatar ocorre o que chamamos de “Partolândia”, mais uma fase do trabalho de parto. Nossa mente nos leva a um estado que é difícil sair. Por sorte, tinha pessoas incríveis ao meu lado me dizendo o contrário dos meus pensamentos de autossabotagem: “Que eu era forte, que não precisava me preocupar com o expulsivo, que estava cada vez mais perto de conhecer meu bebê, que eu era maravilhosa por ter chego até lá e faltava pouco, que eu sonhei com esse momento, para eu focar no agora…”. Recebia carinho, massagem, seguravam minha mão e me encorajavam. Foi assim que voltei a mim e lembrei do motivo de ter feito a escolha de viver esse parto.
Mas a analgesia continuava uma opção e decidimos sair da banheira e ir ao centro cirúrgico para realizá-la.
Mesmo com muita dor, eu preferi ir andando ao centro cirúrgico. Sabia que isso ajudaria o bebê a descer. E sim, as dores aumentaram mais ainda após eu sair da banheira… mas busquei focar e não deixar minha mente me controlar. Confesso que foi difícil, fiquei 1 hora e meia no centro cirúrgico para a analgesia. Precisei de 2 raquidianas para fazer algum efeito e mais um “reforço”. Isso porque foi administrado em pequenas doses para não atrapalhar o trabalho de parto, nem afetar o bebê. Continuei sentindo dor, mas a duração das contrações havia diminuído e o intervalo aumentado.
Então, voltei pro quarto mais tranquila e pronta para descansar por um tempinho, pois logo era o expulsivo e precisava concentrar todas as minhas forças lá. O Germano ficou todo esse tempo me esperando sem ter notícias e quando cheguei no quarto ele estava quase surtando de preocupação. Mas logo viu que estava tudo bem… nos deixaram a sós por uns 20-30 minutos e descansamos juntos.
Era meia noite e rapidamente as contrações e a equipe voltaram, havia chego o momento de ir à banqueta. Eu não conseguia acreditar de finalmente iria conhecer o José. Meu medo já estava indo embora e me sentia animada e confiante. O expulsivo foi tão leve que é difícil explicar o que vivemos em palavras. Eu fazia força nas contrações e sim, minha lombar doía muito, pedia para apertarem com muita força e isso ajudava. Conseguia ver a cabeça do José por um espelho e o Germano até fez carinho nele. No intervalo das contrações, todos nós conversávamos e riamos… depois focávamos novamente força. Fiz cerca de 5 “forças”.
Quinta-feira 00:58, 20/01/2022 : nós renascemos. E foi sorrindo, em êxtase.
Equipe de Parto em Ribeirão Preto para parto humanizado
GO: Ana Carolina Salles
Pediatra: Fernanda Zaltron
Doula: Daniela Leiros
Hospital Viver