O SENTIDO DO BRINCAR - Por Dra. Daniella Leiros - Ribeirão Preto - SP
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Brinquedos, jogos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança.
Trabalhar com crianças, é trabalhar com o lúdico, com brincadeiras, conquistando a atenção dela e despertando interesse na atividade proposta.
Brincar no tratamento ou na educação não significa abandonar a seriedade da terapia ou do ensino.
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A brincadeira desenvolve na gente a imaginação, fantasia, sentimentos e sensações.
Todos nós, crianças, jovens, adultos ou idosos, estamos em constante aprendizado e evolução. Nascemos para aprender, descobrir e viver o conhecimento faz parte da sobrevivência.
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Brincar é viver, é contrapor o racional é inserir-se na sociedade, faz parte do desenvolvimento, é adaptação do comportamento, é ato criativo, uma ferramenta poderosa para aprender.
Aprender com alegria. Aprender brincando e brincar aprendendo.
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O lúdico aumenta a independência, estimula a visão, audição, tato, favorece a sensibilidade, valoriza a cultura, o outro, a sociedade, desenvolve habilidades motoras, imaginação, criatividade, favorece interação, entendimento das emoções, permite conhecer-se, reconhecer-se e reinventar-se.
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Legal, não é?
O brincar é lúdico, é faz-de-conta. O brincar é imaginar, interpretar, criar, agir e interagir (mesmo que com objetos), é emoção, criatividade e desenvolvimento.
Para brincar é preciso estar livre
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Através do brincar a criança percorre sua capacidade de resolução de problemas até o nível de resolução potencial.
Com colaboração e direcionamento, o brincar ganha mais sentido, ganha clareza e objetivo.
Vou tentar dar alguns exemplos dentro da fisioterapia e da psicomotricidade.
Quando preciso trabalhar equilíbrio com uma criança, posso desenhar uma linha no chão e dizer que estamos atravessando uma ponte. Deixo a criança criar o rio, a ponte, a floresta, pergunto que animais ela consegue ver, invento um galho de árvore que ela precisa se abaixar para não bater, vou deixando-a livre para criar e direcionando para o que preciso.
Quando preciso que uma gestante mobilize a pelve, facilite a abertura dos seus diâmetros para adaptar-se melhor a evolução da gravidez, sugiro movimentos imaginando uma lanterna no umbigo, um lápis no períneo, às vezes até os uso realmente, e fazemos juntas desenhos dos mais variados e as deixo criar os seus próprios “desenhos”. Também dançamos bastante no consultório, remexemos a pelve para lá, para cá, numa ‘risadagem’ sem igual.
É gostoso fazer terapia. Tem que ser gostoso e tem que ser livre, direcionado, mas livre.
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O brincar faz parte da humanidade. E é descobrindo como cada um brinca que traçamos novas metas de terapia e novas técnicas a serem usadas.
Um brinquedo, uma brincadeira ou um jogo não deve vir pronto, direcionado de uma única forma. A melhor maneira de brincar é podendo desmontá-lo revirá-lo, sujá-lo, interpretá-lo e conhecê-lo a sua maneira. Se fosse assim jamais uma vassoura poderia virar um cavalo ou seu cabo uma espada e as cerdas um rabicó ou topete engraçado.
Já pensou nisso?
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Como sempre deixo um recado para a vida prática nos meus textos. Mas diante de tão vasto e criativo assunto, hoje vou deixar mais de um.
- Lembre que na terapia ou na escola a criança precisa brincar e isso não as torna menos sérias ou sem sentido. Pelo contrário, a brincadeira bem direcionada tem MUITO mais a agregar do que a prática clínica pela simples repetição de um movimento ou atividade.
- Deixe seu filho(a) brincar com as coisas, deixe-o explorar, fuçar, desvendar, entender, criar. Se sujar, você ensina a limpar, se quebrar, você ensina a consertar... Só há uma coisa a se prender; ele(a) NÃO pode machucar ninguém, nem se machucar.
- Dê mais brinquedos de presente. Brinquedos possíveis de se desmontar, brinquedos permitam a criança criar. Aqueles brinquedos que só tem uma forma de brincar, um caminho a seguir (um exemplo são os eletrônicos), evite. Deixe que os outros deem de presente, não você.
- Brinque mais com seu filho(a). Sem brinquedos mesmo, faça “briga” de força com colheres de pau, brinque de esconde-esconde atrás da cortina, faça piscina de almofadas, cabana de lençol ou torre de objetos com panelas. Crie!
- E... Leve a vida com mais brincadeira. Veja as coisas do dia-a-dia pela ótica de uma criança, use os objetos de uma forma diferente pela qual você os adquiriu. Invente, crie, elabore. O brincar é indispensável a aprendizagem, crescimento e evolução.
Dra Daniella Leiros - fisioterapeuta, acupunturista e doula (A Sua Hora - serviços de apoio materno infantil)